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A importância da congruência

Ômar Souki

Uma mãe preocupada com a saúde de seu filho, levou-o até Gandhi e pediu ao grande líder indiano que lhe dissesse para não comer doces. Gandhi, então, disse para a mãe que não poderia pedir isso ao seu filho, mas que ela o trouxesse de volta um mês depois. Quatro semanas depois, lá estava ela com o menino novamente. Gandhi ajoelhou-se perto da criança e lhe disse: “Não coma doces, menino, não é bom para você”. Deu um abraço nele, e o entregou para a mãe. Ela, que tinha vindo de longe, ficou sem entender e perguntou a Gandhi porque ele não tinha dito aquilo um mês atrás. Ele então respondeu: “Um mês atrás, eu ainda estava comendo doces”.  Ele teve uma atitude congruente.

Existe congruência entre o que pensamos, falamos e fazemos? Se pensamos de um jeito, e falamos e fazemos de outro, nosso interior está incongruente com o nosso exterior. Se esse estado de inconsistência entre o que valorizamos e o que fazemos persistir pode se tornar a causa de várias doenças. Nosso corpo reage à maneira como pensamos e sentimos. Suponhamos que uma pessoa ligada à ecologia e à preservação da fauna e da flora trabalhe em uma fábrica de casacos de pele. Como é que ela se sentirá manipulando peles de animais dia após dia? Qual será o impacto dessa incongruência no seu emocional? Quando a profissão de uma pessoa bate de frente com as suas crenças e valores ela poderá desenvolver gastrite ou ter um problema sério de depressão. Além disso, um emocional debilitado enfraquece o sistema imunológico, o que abre as portas para diversas enfermidades.

Não importa qual seja a nossa atividade principal, estamos com frequência rodeados de outras pessoas, em casa, no trabalho, no lazer, na igreja. O nosso comportamento acaba influenciando os outros. Por isso, nós mesmos devemos assumir a responsabilidade de sermos congruentes se quisermos ser respeitados. A seguinte frase resume bem esse conceito: “Aquilo que você faz grita tão alto em meus ouvidos, que eu não consigo ouvir o que você diz”. Nossas ações são mais importantes do que nossas palavras.  

Jesus apontava para a hipocrisia dos fariseus: “Por isso, vocês devem fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imitem as suas ações, pois eles falam e não praticam. Amarram pesados fardos e os colocam no ombro dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo. Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros” (Mateus 23, 3-5). Isso ainda acontece nos nossos dias com a maioria dos políticos. Durante a crise sanitária de 2020, devido ao vírus da Covid, enquanto pessoas foram despedidas e salários reduzidos, essas autoridades não mexeram em seus rendimentos e mordomias. A falta de congruência dos políticos é a causa da pouca credibilidade que têm junto à população.

Quando pensamos em coerência pensamos em Jesus, São Francisco, Madre Teresa, Irmã Dulce, Martin Luther King e tantos outros que dedicaram suas vidas pelo bem de seus semelhantes. O poder de influência que eles tiveram brotava da congruência entre seus sentimentos, suas palavras e suas ações.

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