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Desincomodando…

A criança brinca quieta no chão da igreja, enquanto a mãe assiste à missa. O menino faz um barulho um pouco mais alto ou se mexe de forma brusca e a mãe, preocupada em não incomodar as pessoas, chama sua atenção, lhe dando um safanão ou xingando. Sua atitude é que incomoda quem está ali. Uma fala desnecessária e o possível desencadear de um choro, uma pirraça ou até de uma agressão.

A infância em si é algo digno de benevolência, de tolerância, mas a rispidez excessiva e a falta de carinho com os pequenos, às vezes, fere até quem assiste. Quase sempre a criança quer apenas a atenção do pai que não larga o celular ou da mãe atarefada com seus 20 braços e duas cabeças (uma pra pensar em tudo e outra pra pensar em si). Faz um carinho que não é retribuído ou uma birra que vira um looping de xingamentos e tentativas de silenciar versus choro e teimosia.

Já assisti uma mulher chamando a filha de chata, sem que ela dissesse um “a”, dentro do ônibus. Palavras que marcam a criança pra sempre, rotulando-a no inconsciente e, talvez, tornando-a realmente chata, pra confirmar a “benção” da mãe. Um ciclo que, quase invariavelmente, se repete quando essa filha vira mãe e depois avó.

O padre da tal missa não se importou com o barulho do menino, nem com sua birra. A maioria deles, como a maioria dos fiéis, prefere o som sincero das crianças ao tom preocupado dos adultos. E as recebe de braços abertos no templo, pra que se sintam em casa e se acostumem ao colo de Deus. “Deixem vir a mim os pequeninos…” disse Jesus. Segundo Ele, só vai pro céu quem tem o seu olhar.

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Guiomar Castro é jornalista e locutora do Vozes de Minas: www.vozesdeminas.com.br/voz/guiomarcastro

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