Minas Gerais

Cipotânea festeja retorno da imagem de São Francisco Penitente à paróquia da cidade

Devolução da escultura foi realizada nessa quarta-feira, 19, com a presença de centenas de pessoas na Igreja de São Caetano. Projeto de recuperação e restauro, que conta com a participação do MPMG, contemplou outras 23 peças sacras.

A cidade de Cipotânea, na Zona da Mata de Minas Gerais, parou para receber a imagem de São Francisco Penitente que, depois de restaurada, foi devolvida à Paróquia de São Caetano. A cerimônia de entrega, seguida de missa, foi realizada nessa quarta-feira, 19 e contou com a presença de centenas de pessoas.

A escultura de São Francisco, feita em madeira policromada, possui altura de 127 cm e aproximadamente 16 kg e pertence à Paróquia de São Caetano, Arquidiocese de Mariana. A cabeça da escultura é a parte da obra atribuída pelo Cecor ao mestre Aleijadinho, a partir de rigoroso trabalho técnico científico e interdisciplinar, que exigiu um estudo completo da materialidade da escultura, contemplando desde análise iconográfica e das características formais da peça até análises físico químicas, radiografias X, análise botânica da madeira, além da importante pesquisa histórica sobre a presença de Aleijadinho na região de Cipotânea ou Rio Espera.

O procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Júnior, participou do evento e destacou o trabalho de referência que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) realiza na defesa do patrimônio turístico e cultural. “As ações do MPMG têm sido exitosas e a entrega dessa obra, atribuída ao mestre Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, mostra isso. Nós estamos cumprindo a nossa função. O MPMG, até pelo número de bens tombados que tem, é definitivamente o Ministério Público mais destacado na defesa do patrimônio cultural”, ressalta.

O promotor de Justiça Marcelo Azevedo Maffra, que está à frente da Coordenadoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais, destacou durante a cerimônia que o maior guardião do patrimônio cultural do estado é o povo mineiro. “A cidade está em festa com o retorno da imagem de São Francisco Penitente. A peça, que tem mais de 200 anos de existência, finalmente foi restaurada e agora volta à comunidade de Cipotânea”, destaca.

Ainda segundo Marcelo Maffra, o Projeto Extramuros, que restaurou outras 23 imagens, oriundas de diversas regiões de Minas Gerais, foi fundamental para que a imagem pudesse ser restaurada. “O projeto é uma parceria do MPMG com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas (Iepha), UFMG na tentativa de resgatar bens culturais que precisavam de restauração. Em menos de seis anos já foram restauradas 24 peças e que agora estão sendo devolvidas às comunidades de origem”, revela.

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Já o padre Adelson Laurindo Sampaio, responsável pela Paróquia de São Caetano, disse que a comunidade esperava com muito ansiedade o retorno de São Francisco Penitente à Igreja de São Caetano. “A imagem deve ter ficado longe da comunidade por uns seis anos. Muitos já achavam que ela não retornaria mais. O retorno dessa imagem a Cipotânea é motivo de grande esperança. É uma imagem de devoção popular e esse tempo de ausência dela, entre os cidadãos, causou também uma ausência nos corações. São Francisco tem grande apelo no meio rural, pois é o santo protetor dos animais, da simplicidade, da humildade e aqui ele encontra um grande carinho por parte do povo”, afirma.

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A cerimônia contou ainda com a presença da secretária-geral da Procuradoria-Geral de Justiça, promotor de Justiça Cláudia Pacheco; promotor de Justiça Luciano Moreira de Oliveira, que tem raízes em Cipotânea, além de ter sido batizado na Igreja de São Caetano; prefeito de Cipotânea, Roberto Henriques de Oliveira; presidente do Iepha, Marília Palhares Machado; e vice-presidente e vice-diretora do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais (Cecor), Luiz Cruz Souza e Alessandra Rosado.

Ainda durante o evento, foi lançada uma cartilha que mostra o trabalho realizado pelo projeto de preservação Extramuros. Ao todo, o projeto restaurou 24 obras de diversas cidades de Minas Gerais, além de Cipotânea, Chapada do Norte, Januária, Jequitibá, Brejo do Amparo, Santo Antônio de Pirapetinga, Santo Antônio do Norte, Conceição do Mato Dentro, Couto Magalhães e Piranga.

Restauração de imagens sacras
A restauração de 24 imagens, dentre as quais a de São Francisco da Penitência, foi realizada pelo Cecor no âmbito do Projeto Extramuros, viabilizado por meio de convênio celebrado entre o MPMG, Iepha, UFMG e a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), com o repasse de recursos advindos de medida compensatória obtida com a celebração de Termo de Ajustamento de Conduta com empreendimento minerário.

Aleijadinho
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, nasceu em Vila Rica por volta de 1738 e morreu na mesma cidade em 1814. É o principal artista do período colonial brasileiro muito estudado por especialistas e reconhecido pelo público em geral, nacional e internacionalmente. Sua formação artística, de cunho regional, foi feita nas oficinas locais de artistas portugueses, nas primeiras décadas do século, incluindo o próprio pai, Manoel Francisco Lisboa.

No campo da escultura religiosa em madeira policromada, sua obra de maior significação é o conjunto dos sete Passos da Paixão do Santuário de Congonhas, executadas entre 1796 e 1799, com o auxílio de uma série de “oficiais”. São 64 imagens em tamanho natural compondo os grupos da Ceia, Horto, Prisão, Flagelação, Coroação de Espinhos, Caminho do Calvário e Crucificação.

Faz parte do conjunto de Congonhas do Campo o também emblemático conjunto dos 12 profetas em pedra sabão, executado nos primeiros anos do século XIX, que compõem o cenário no adro. Também comprovadas são as importantes obras dos santos carmelitas São Simão Stock e São João da Cruz, da Ordem Terceira do Carmo de Sabará com documentação histórica do ano de 1778.

Com informações da Coordenadoria de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais.

Fonte: Ministério Público de Minas Gerais

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