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Perder para encontrar

Ômar Souki

Pessoas da família adoecem, são hospitalizadas, sofrem por algum tempo e morrem. Chuvas torrenciais destroem comunidades, terremotos engolem cidades, guerras aniquilam países e governos corruptos acabam com nossas esperanças de um futuro melhor. De fato, é insensatez esperar que a humanidade melhore. As coisas vão de mal a pior, não só no Brasil, mas também no resto do mundo. Porém, lá do alto do púlpito o padre repete as palavras de Jesus: “Se alguém deseja seguir-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e me acompanhe. Quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, encontrará a verdadeira vida. De que vale a uma pessoa ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua alma?” (Mateus 16, 24-26).

São conselhos eternos para enfrentar a instabilidade material. Einstein já dizia que não é possível solucionar um problema no mesmo nível em que ele é criado. Precisamos dar um salto quântico e adentrar o infinito oceano do espírito para termos condição de manter o equilíbrio e a sanidade mental. Quando negamos a nós mesmo estamos nos desapegando das coisas da Terra e valorizando as do Céu. Ao tomarmos a nossa cruz e seguirmos os conselhos do Divino Mestre, estamos aceitando os desafios do dia a dia e—não importa a imensidão do desastre, seja ele pessoal ou social—seguir adiante sabendo que Deus é maior.

Com relação às perdas, tanto de entes queridos, quanto de posses terrenas, é preciso colocar tudo em perspectiva. O verdadeiro início da vida começa depois da morte, pois “nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles o amam” (I Coríntios 2, 9). Depois que tudo parecer perdido, é que, de fato, será encontrado—desde que tenhamos um maior engajamento com a espiritualidade. Para isso precisamos cultivar a vida interior. De acordo com o Frei Gilson da comunidade Carmelitas do Espírito Santo, em São Paulo, o cultivo da vida interior depende dos seguintes passos:

Assistir a Santa Missa diariamente.

Praticar a oração meditativa e silenciar.

Abrir espaço para a solidão. Sair de cena de vez em quando para se encontrar com Deus.

Buscar a comunhão com Maria através da recitação do Santo Rosário.

À medida que seguirmos esses passos—Eucaristia, contemplação, solidão, Rosário—estaremos nos desapegando das incertezas da matéria e adentrando a dimensão espiritual da vida. Isso não quer dizer que os desafios da nossa condição humana desapareçam como em um passe de mágica. Longe disso. O que irá acontecer é que estaremos nos elevando e contemplando do alto o desenrolar dos acontecimentos aqui na Terra. Não iremos nos exaurir para manter a nossa vida, mas sim, nos consumir pelo Reino e assim, no momento que a perdermos, estaremos, de fato, a encontrando.  

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