Querer é poder

Ômar Souki

Em inglês se diz “If there is a will, there is a way”, isto é, “Se existe uma vontade, existe um caminho”.  Em outras palavras, se encontramos um propósito para a vida, um “para que” viver, também chegaremos a um “como”. Assisti a um vídeo de Joel Gracioso sobre Sócrates no qual ele comenta que, antes de ser condenado à morte, as pessoas que o acusavam lhe deram a oportunidade ser solto. Bastava que ele prometesse que não continuaria com suas reflexões sobre a vida. Ele, porém, preferiu morrer a aceitar a proposta. Disse que “uma vida que não pode ser refletida, que não pode ser pensada, é uma vida que não vale a pena ser vivida”.

Através da reflexão, cada um de nós pode encontrar um sentido para a vida. Será esse sentido que nos dará vontade de viver, e esse desejo, então, faz com que encontremos um caminho rumo à nossa realização pessoal. Quando descobrimos a nossa missão, despertamos em nós a vontade de viver intensamente, não importa qual seja a nossa idade. Sócrates preferiu a morte, a uma vida sem sentido. Porém, a maioria das pessoas passa pela vida sem noção do porquê foram chamadas à existência. Suas vidas não têm sabor. Vagam pelos caminhos da existência sem energia e sem rumo.  Somente o sentido é que nos dará o querer. E, será apenas esse querer que irá nos entregar o poder de enfrentar com firmeza os desafios do caminho.

O filosofo Luís Lemos conta o seguinte: “Lembro-me de que, quando eu estudava no primeiro ano do ensino médio, o professor de filosofia começou a falar da vida de Sócrates e como ele morreu. Foi amor à primeira vista. A partir daquele dia, eu disse para mim mesmo que seria filósofo e vivia repetindo ‘Querer é poder’. Passei a acompanhar a aula do professor de filosofia com mais atenção do que as aulas dos outros professores” (eusemfronteiras.com.br). Esse seu querer transformou-se em poder. Atualmente ele é professor universitário, articulista e autor de vários livros.

Filmes que mostravam cenas nos campus universitários dos Estados Unidos despertavam em mim grande vontade de, um dia, estudar lá. Enquanto estudava engenharia, também aprimorava meus conhecimentos da língua inglesa e, na primeira oportunidade, candidatei-me para fazer o mestrado em relações internacionais na Universidade de Ohio. Estudava com tanta vontade que cheguei a ganhar uma bolsa para fazer o doutorado em comunicação na mesma universidade. Aquele meu querer inicial de estudar fora não só se realizou, mas foi além. Depois que terminei meus estudos, fui contratado para lecionar comunicação na Universidade do Estado de Nova York (SUNY-Geneseo).

À medida que refletimos sobre a vida, descobrimos o porquê, ou o para que, fomos chamados. Isso desperta a nossa vontade de autorrealização, de ser alguém, de ter luz própria. A vontade torna-se, então, uma força irresistível que, pouco a pouco, transforma as batalhas da existência em oportunidades de crescimento e de contribuição para a construção de um mundo melhor.