Polícia

PCMG investiga desaparecimento de motorista de aplicativo Sheilla Angelis de Almeida

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) realizou, em uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (4/10), a divulgação de informações parciais sobre as investigações relacionadas ao desaparecimento da motorista de aplicativo Sheilla Angelis de Almeida, de 36 anos, na cidade de Divinópolis, no Centro-Oeste do estado. Um casal mineiro suspeito de participação no crime está preso no Rio de Janeiro.

O desaparecimento de Sheilla ocorreu em 9 de setembro deste ano, desencadeando imediatamente uma força-tarefa composta pelas equipes da delegacia de homicídios e por agentes de Inteligência do 7º Departamento de Polícia Civil e da Delegacia Regional em Divinópolis.

Cronologia

De acordo com o delegado responsável pelo inquérito policial, Weslley Castro, as investigações indicam a premeditação de um latrocínio. “Os levantamentos revelaram que, no dia 9 de setembro, por volta das 12 horas, o suspeito, um jovem de 22 anos residente em Divinópolis, acionou diversas vezes um aplicativo de corridas até que Sheilla aceitou a solicitação. A princípio, essa corrida tinha o objetivo de estudar a vítima, entender seu padrão de trabalho e a melhor maneira de abordá-la para cometer o crime”, explicou o delegado.

Ainda segundo o delegado, após a conclusão da primeira corrida, o suspeito teria planejado solicitar outro serviço a Sheilla, utilizando um telefone pertencente a outra pessoa, a fim de evitar qualquer suspeita de conexão direta com ele. “Na Praça do Santuário, por volta das 18h24, o investigado, com o intuito de dificultar as investigações, pediu emprestado o celular de um adolescente e ligou para Sheilla, solicitando outra corrida, inclusive informando que seria o mesmo rapaz que havia feito a corrida ao meio-dia, com o objetivo de ganhar a confiança dela. Nesse momento, o suspeito já carregava uma sacola contendo uma corda e uma faca, evidenciando sua intenção criminosa”, informou.

O homem seguiu então com a vítima até uma área de mata no bairro Elizabeth Nogueira, onde a abordou e a forçou a sair do veículo. “A motorista resistiu, o que levou o suspeito a tentar asfixiá-la. Diante da resistência, o suspeito a agrediu com golpes na cabeça, utilizando telhas encontradas no chão. Mesmo após os golpes, a vítima continuou a resistir. O suspeito retornou ao veículo, pegou a corda e a faca, e estrangulou Sheilla, amarrando-a junto aos braços e punhos, e desferiu quatro golpes de faca em suas costas”, detalhou Weslley Castro.

Abandono de celulares e uso dos cartões da vítima

Após o crime, o suspeito colocou o corpo da mulher no porta-malas de seu veículo, que era alugado, e abandonou os celulares dela em um local próximo, por volta das 19h20, a fim de dificultar o rastreamento da polícia. Posteriormente, o suspeito deixou o veículo nas proximidades do Hospital São João de Deus, por volta das 19h40, conforme mostram as imagens do sistema de monitoramento obtidas pela PCMG.

Em seguida, acompanhado de sua namorada, o suspeito seguiu em direção ao Rio de Janeiro, transportando o corpo no porta-malas até um local determinado. “Acredita-se que a vítima possa ter sido ocultada em Itapecerica, situada a aproximadamente 16 quilômetros do local do ocorrido, mesmo local onde foi encontrado um corpo em avançado estado de decomposição no dia 27 de setembro, cujo tênis foi reconhecido por familiares como pertencente à vítima”, detalhou o delegado.

O investigado tentou usar o cartão da vítima em uma loja de conveniência na cidade mineira de São João Del Rei e, logo após chegar ao Rio de Janeiro, tentou comprar cerveja em um quiosque de jornais, mas ambas as transações foram recusadas.

Prisões e desdobramentos

Para localizar os suspeitos, identificados 72 horas após o crime, a polícia conduziu uma investigação minuciosa, incluindo a identificação de seus locais de trabalho, uma vez que residiam em uma área conflituosa, e representou pelos mandados de prisão deles, que foram prontamente deferidos pela Justiça da comarca de Divinópolis. Foi apurado que ao chegarem na capital, a mulher passou a trabalhar remotamente de um shopping em Botafogo, enquanto o homem conseguiu um serviço de freelancer em uma loja de açaí.

A prisão do casal ocorreu no domingo, dia 1º de outubro, no Rio de Janeiro, após uma denúncia anônima relacionada a maus-tratos a animais. Dentro do veículo que pertencia a Sheilla, utilizado pelo casal, foram encontrados dois gatos que eles haviam transportado desde Divinópolis e que eram de propriedade da investigada.

O suspeito confessou o crime, alegando ter atuado a mando de terceira pessoa, informação ainda não confirmada pela Polícia Civil. Já a mulher, negou ter participado da execução e afirmou que só tomou conhecimento do crime no momento em que o suspeito parou no caminho para se livrar do corpo.

O veículo foi submetido à perícia técnica no Rio de Janeiro, que identificou uma quantidade significativa de sangue sob o carpete do porta-malas. Amostras desse material foram coletadas para comparação com o DNA da vítima. Os gatos receberam cuidados de uma organização não governamental (ONG) dedicada à proteção animal.

O chefe do 7º Departamento de Polícia Civil, delegado-geral Flávio Tadeu Destro, expressou seu reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pela equipe envolvida na força-tarefa e enfatizou os próximos passos da investigação. “Agradeço o empenho de todos os policiais civis, de todas as carreiras, incluindo delegados, investigadores, escrivães, peritos criminais e médicos-legistas, bem como dos técnicos de perícia envolvidos na elucidação do caso. Neste momento, nosso objetivo primordial é concluir o processo de identificação do corpo, buscando proporcionar uma resposta às angústias dos familiares de Sheila. As próximas etapas incluem a transferência dos suspeitos para Minas Gerais e a divulgação dos resultados dos exames”, destacou.

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