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Setenta vezes sete

Ômar Souki

“Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: ‘Senhor, quantas vezes deverei perdoar meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? Jesus respondeu: ‘Eu digo a você: Não até sete, mas até setenta vezes sete” (Mateus 18, 21-22). Pensamos que quando perdoamos alguém, estamos fazendo um favor àquela pessoa. Mas, é justamente o contrário, ao perdoar contribuímos muito mais para o nosso próprio bem-estar do que para o do outro. Ao cultivarmos o ressentimento, a raiva e o ódio produzimos doses excessivas de cortisol, o que aumenta os riscos de infarto, dores musculares, queda de cabelo, alteração do sono e obesidade. A falta de perdão eleva os níveis de estresse e, ao mesmo tempo, nos estimula a desejar o mal para alguém, o que equivale a tomar veneno e querer que o outro morra.

“A prática do perdão pode ter poderosos benefícios para a saúde. Estudos baseados em observações, e mesmo testes aleatórios, sugerem que o perdão está associado a menores níveis de depressão, de ansiedade e de hostilidade; a redução do uso abusivo de substâncias; a autoestima mais elevada e a uma maior satisfação com a vida” (Tyler VanderWeele, health.harvard.edu). Perdoar não significa esquecer, nem mesmo fazer as pazes com alguém que nos ofendeu. É importante considerar o perdão como um processo que tem a ver mais conosco do que com os outros. Devemos começar aumentando a consciência de que o perdão só nos traz benefícios. Depois disso, pedir a Deus a força de orar não só por nossos entes queridos, mas também pelas pessoas que, de uma forma ou de outra, nos causaram sofrimentos, dores, tristezas e danos.

“Perdoar é um compromisso com a mudança. Demanda prática. Para se movimentar rumo ao perdão, você poderá: reconhecer o valor do perdão e de como ele pode melhorar a sua vida; identificar o que precisa ser curado e quem você precisa perdoar; se juntar a um grupo de apoio ou consultar com um psicólogo; reconhecer as suas emoções a respeito do dano que lhe foi causado e identificar e identificar como essas emoções afetam seu comportamento e esforçar-se para libertá-las; escolher por perdoar a pessoa que lhe ofendeu; soltar o controle e o poder que o agressor e a situação têm tido em sua vida” (mayoclinic.org).

Enquanto o perdão nos liberta dos agressores, a falta de perdão nos mantem presos a eles e aos danos que nos causaram. O conselho de Jesus a Pedro atravessa os séculos e é hoje cientificamente comprovado como sendo o melhor caminho. Se escolhermos a via oposta, isto é, a do “olho por olho, dente por dente” acabaremos todos cegos e sem dentes. Mas, o Mestre dos mestres vai além: também nos pede que amemos a nossos inimigos. Uma vez atingida a meta do perdão, ele nos propõe algo maior ainda, isto é, o desafio supremo de responder aos ataques com a sublime energia do amor.

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