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Dar graças por tudo!

“Por tudo deem graças, pois essa é a vontade de Deus!” (I Tessalonicenses 5, 18). “Como é bom render graças ao Senhor e cantar louvores ao seu nome, ó Altíssimo; anunciar de manhã o seu amor leal e de noite a sua fidelidade” (Salmos 92, 1-2). De férias no estado do Espírito Santo, eu fazia caminhada em uma praia preservada para desova de tartarugas. Ali encontrei um cantinho deserto, frente ao mar, onde me assentei e dei graças a Deus. Quanta beleza à nossa disposição! Brisa fresca, céu azul, salpicado de nuvens, mar com diversos tons de verde e areia clara e abundante. Pensei então: “o Criador está tão perto de nós e se manifesta de tantas formas, que é fácil viver em estado de pleno agradecimento”.  Mas, à noite, sentado com amigos, comentávamos sobre a triste notícia do suicídio de uma pessoa conhecida nossa. Quando o via na igreja, eu chegava a invejar a sua boa disposição e alto astral: se movia com elegância e cumprimentava a todos. Portanto, a notícia de sua morte—e da forma que se deu—foi um choque para mim.

Hoje tento conciliar essas duas experiências. Uma de êxtase diante da criação divina, a outra, de profunda tristeza por uma perda inesperada. Como dar graças por tudo? Ser grato por uma vivência agradável é fácil, mas como agradecer por uma tragédia aparentemente inexplicável? Quando nosso espírito se eleva às alturas, nosso coração se enche de alegria, mas quando recebemos más notícias qual é a nossa reação natural? Tristeza e aflição. Busca por entendimento. Vazio existencial. Nessas situações peço ao Espírito Santo que me dê compreensão e aceitação. Aceitar o incompreensível e, além disso, agradecer. Agradecer pela continuidade da vida e pelos breves momentos em que tive a oportunidade de ser influenciado positivamente pela presença daquela pessoa. Ele se foi, mas o seu exemplo de atenção ao próximo permanece.

Outra forma de encarar o infortúnio é vê-lo como uma lição de humildade. Tanto na nossa experiência como indivíduos, quanto em sociedade, criamos elevadas expectativas, mas nem sempre acontece aquilo que desejamos. As Sagradas Escrituras relatam a história de um povo que tinha seus altos e baixos. Tinha momentos de imensa glória, ilustrados pelos reinados de Davi e Salomão, mas também tempos de profundo sofrimento como no Egito, na Babilônia e sob o jugo romano. Mas nem por isso deixavam de dar graças e louvores ao Deus dos Exércitos, que lhes enviaria um Messias Salvador. E—mesmo depois da chegada desse Messias—ele não era um guerreiro, mas o Príncipe da Paz. Por mais que explicasse que seu reinado não era deste mundo, as pessoas insistiam que ele se tornasse o vingador e os libertasse da crueldade romana. Foi só depois de sua partida, e de sua ressurreição, que a sua mensagem fundamental foi compreendida: “Não ajuntem tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntem tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração” (Mateus 6, 19-21).

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Isso não significa que devemos nos acomodar frente aos desafios da vida, nem devido às agressões do inimigo, sejam elas em nível pessoal ou social. Mas, sim, suplicar a Deus por força para o combate diário e a disposição para agradecer sempre pelas graças que recebemos a cada momento. No fundo, no fundo, não importa qual seja a situação, de êxtase celestial ou de frustração profunda, só existe uma postura desejável: dar graças!

Ômar Souki

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