Pureza de coração
Ômar Souki
No Evangelho de Mateus (5, 8), Jesus afirma: “Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus”. Portanto, se quisermos ver Deus, é importante que sejamos puros. Como, então, cultivar a pureza de coração? Isso foi explicado pelo próprio Jesus a Maria Valtorta, mística italiana, que tinha visões sobre a vida do Mestre. Ele lhe aparecia com frequência e revelava detalhes de sua vida. De 1943 a 1951, ela escreveu a obra O Evangelho como me foi revelado, que consta de 10 volumes com 500 páginas cada. Em uma das passagens, Jesus nos pede que sejamos puros e fala como proceder para atingir a pureza.
“Sejam puros. Comecem a sê-lo pelo corpo, para passarem ao espírito. […] Comecem pelos olhos, sentido esse que é rei, e que abre o caminho à mais mordente e complexa das fomes. Os olhos veem a carne da mulher e cobiçam a carne. Os olhos veem a riqueza dos ricos e cobiçam o ouro. Os olhos veem a potência dos governantes e cobiçam o poder. Conservem os olhos calmos, honestos, moderados e puros. Quanto mais puros forem os seus olhos, mais puros serão os seus corações. Sejam vigilantes sobre os seus olhos, ávidos descobridores dos pomos tentadores. Sejam castos nos olhares se quiserem ser castos no corpo. Se tiverem castidade na carne, terão castidade na riqueza e no poder. Terão todas as castidades e serão amigos de Deus. Não tenham medo de serem escarnecidos por serem castos. Tenham medo somente de serem inimigos de Deus” (Vol. 2, p. 110).
Já no Antigo Testamento é exaltada a importância de ter um coração puro: “Quem poderá subir o monte do Senhor? Quem poderá entrar no seu Santo Lugar? Aquele que tem as mãos limpas e o coração puro, que não recorre aos ídolos nem jura por deuses falsos. Ele receberá bênçãos do Senhor, e Deus, o seu Salvador, lhe fará justiça” (Salmos 24, 3-5). Um dos exemplos mais marcantes do cultivo da pureza é o de Teresinha do Menino Jesus, que cultivava uma incrível intimidade com Jesus:
“Sempre desejei ser uma santa (…) O bom Deus não inspira desejos irrealizáveis, eu posso, portanto, aspirar à santidade apesar de minha pequenez. Tornar-me grande, é impossível. Devo, pois, suportar-me tal como sou, com todas as minhas imperfeições, mas quero procurar um meio de ir ao Céu por uma pequena via, bem reta, bem curta (…) Eu quereria encontrar um elevador para subir até Jesus, porque sou pequena demais para escalar a áspera escada da perfeição. (…) Ah! o elevador que me fará subir ao Céu são seus próprios braços, ó meu Jesus!” (cleofas.com.br).
Para ir direto para o Céu, Teresinha modelava as criancinhas, que são, por natureza, puras de coração. Para ela, algumas passagens favoritas das Escrituras eram as seguintes: “Deixem vir a mim os pequeninos, porque deles é o reino dos céus […] Seus anjos veem continuamente a face de meu Pai Celeste. […] Quem se fizer pequeno como uma criança será o maior no reino dos céus” (Mateus 19, 14; 18, 10 e 4). “O Senhor conduzirá seu rebanho às pastagens. Ele reunirá os cordeirinhos e os levará em seu seio” (Isaías 40, 11) (Conselhos e lembranças, Paulus, p. 42).
Em síntese, a pureza se consegue vigiando os olhos. “Os olhos são a luz do corpo. Se o seu olho está saudável, todo o seu corpo está cheio de luz; mas se os seus olhos forem maus, o seu corpo estará em trevas” (Lucas 11, 34). Que eles contemplem—e nos ajudem a imitar—a singeleza e a inocência das crianças, para podermos, assim, avançar a passos largos rumo à Casa do Pai.
