Passa tão rápido…

Ômar Souki

Ao perguntar minha colega de ginástica como foi o seu feriado ela respondeu: “Passa tão rápido…!”. Para mim também passou rápido. Mas, não era assim quando eu era mais jovem. O Natal demorava séculos para chegar e as férias, uma eternidade. E os meus 18 anos? Jamais chegavam, pois eu ansiava tirar a carteira de motorista. Enquanto estive na universidade, a formatura custou a chegar. O tempo passava devagar.  Mas, depois que me formei, acelerou. Como explicar essa elasticidade do tempo? Ou será que ele tem permanecido constante, sendo que a mudança ocorre em nossa percepção, dependendo da qualidade da experiência? Quando está tudo fluindo, o tempo voa, mas quando estamos sofrendo, ele para!

Os cientistas observaram que em 29 de junho de 2022 o dia ficou 1,59 milésimos de segundo mais curto. Mas, o que são 1,59 milésimos de segundo? Praticamente nada. Podemos, então, afirmar que a duração do dia é subjetiva, isto é, depende de nossa percepção, que, por sua vez, está ligada ao nosso estado de espírito e ao nosso planejamento.   

O estado de espírito vai do desanimado ao entusiasmado. Desanimado é literalmente aquele que está sem “anima”, que em latim, significa sopro vital, alma. E, entusiasmado é aquele que tem Deus (Teos em grego) dentro de si. Um estado de desânimo recorrente leva a depressão e para as pessoas deprimidas o tempo custa a passar. Passam o tempo remoendo o passado e ficam sem energia para enfrentar o presente. Mas, para o entusiasmado, o tempo voa, pois está cheio de planos para o futuro.

Aqui entra o planejamento, que tem como finalidade nos organizar e contribuir para uma melhor qualidade de vida. Podemos fazer uso de uma agenda semanal, onde anotamos nossas atividades rotineiras e compromissos. Lembrando de abrir espaço para a meditação diária e para o exercício físico, duas atividades que têm influência marcante sobre o nosso ânimo. Quando incorporamos a meditação e a ginástica em nossa rotina, conseguimos ter um melhor aproveitamento do tempo. Isso não quer dizer que saímos da cama automaticamente animados para um novo dia, mas que fica mais fácil vencer a inércia quando nos lembramos do compromisso feito com nós mesmos de ter uma existência mais produtiva.

Para a pessoa entusiasmada—aquela que cultiva a presença divina em si—o dia vai ter a duração que ela mesma determina. Isso porque, quando precisa de mais tempo, tem sempre a opção de se levantar mais cedo. Ao madrugar descubro que o dia tem exatamente a duração adequada, não passa nem mais nem menos rápido.