Minas Gerais

Artigo publicado por professora de Bambuí destaca potencial de plantas do cerrado

Estudo levantou dados sobre os principais flavonoides presentes em cinco espécies, bem como benefícios para a saúde a eles relacionados, identificando potencialidade agronômica.

Araçá, cambuí, gabiroba, jabuticaba, jambolão – ou jamelão. Todo “mineiro-raiz” já ouviu falar em pelo menos uma dessas frutas, típicas do cerrado. O potencial promissor destas espécies para o desenvolvimento de novos produtos pelas indústrias alimentícia, química e farmacêutica, devido às suas propriedades bioativas, foi apontado em estudo do qual participou a professora Ana Cardoso de Paula, docente do Núcleo de Agronomia e do Mestrado Profissional em Sustentabilidade (MPSTA) do IFMG-Campus Bambuí.

Intitulado “Uma revisão integrativa sobre os principais flavonoides encontrados em algumas espécies da família Myrtaceae: caracterização fitoquímica, benefícios à saúde e desenvolvimento de produtos” (em tradução livre), o artigo sobre o tema foi publicado no periódico científico internacional “Plants“. O trabalho examinou estudos publicados entre 2016 e 2022, relacionados com os frutos araçá (Psidiumttlettleianum), cambuí (Myrciaria floribunda), gabiroba (Campomanesia xanthocarpa), jabuticaba (Plinia cauliflora) e jambolão (Syzygium cumini). Foram levantados os principais flavonoides presentes em diferentes frações dessas plantas da família Myrtaceae: folhas, cascas, polpas, sementes; e em produtos desenvolvidos, como geleias, sobremesas, vinhos, chás e outras bebidas.

Os flavonoides são substâncias que exercem variadas funções orgânicas em determinados vegetais e que possuem potencial antioxidante, anti-inflamatório e antibacteriano, entre outros benefícios. Assim, a revisão identificou, também, “os efeitos positivos à saúde verificados nesses estudos, como as qualidades anti-inflamatórias do jambolão, antidiabéticas da gabiroba, antioxidantes do araçá e cardioprotetoras da jabuticaba, que estão relacionadas à presença desses fitoquímicos”. “O mais relevante é o mapeamento da diversidade de populações e subpopulações de uma mesma espécie, de árvore frutífera, que mostra a grandeza da diversidade do cerrado, não só no número de espécies, mas também na diversidade dentro da mesma espécie”, explica Ana Cardoso. “Esse estudo irá lançar uma nova luz sobre a possibilidade de selecionar variedades que tenham potencialidade agronômica”, completa.

Além disso, o projeto busca utilizar não somente a parte comestível do fruto, mas também os resíduos no desenvolvimento de novos produtos, agregando valor e gerando renda para os produtores e coletores de frutos do cerrado. “Isso leva ao uso sustentável de recursos do bioma que é a geração de renda e a preservação”, destaca a pesquisadora.

Árvores do Cerrado

O estudo em questão integra o projeto Árvores do Cerrado, do qual Ana Cardoso participa, sob coordenação de Júlio Ferreira de Melo, da UFSJ – Campus Sete Lagoas e, também, professor externo do MPSTA. A iniciativa tem por objetivo estudar a diversidade por meio do perfil químico das populações de árvores frutíferas do cerrado mineiro. “O artigo publicado  faz parte da proposta de valorizar os frutos nativos do cerrado, estimulando a exploração comercial de produtos derivados e ainda a preservação do bioma”, explica Ana Cardoso. No Laboratório de Fisiologia vegetal do Campus Bambuí, a professora conduz pesquisas relacionadas ao potencial terapêutico, agrícola e nutricional da flora nativa, endêmica do cerrado, assim como pesquisadores parceiros da UFSJ e UFMG.

O projeto em questão conquistou a segunda colocação nacional no Edital Rural Sustentável – Cerrado, que recebe recursos do Financiamento Internacional do Clima do Governo do Reino Unido, sendo contemplado com R$ 200 mil em recursos. A publicação do artigo, por sua vez, obteve apoio do IFMG por meio do edital 59/2020, da Arinter. “Editais desta natureza são de grande importância para o avanço da pesquisa em nossa instituição”, pondera a pesquisadora.

Fonte: Lucas Victor Ribeiro

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