Minas Gerais

Centro-Oeste rejeita localização de usina de geração de energia da Cemig

Projeto da companhia é colocar placas fotovoltaicas por cima do lago Novo Mar de Minas, em Cláudio, o que pode afetar o turismo na região.

Representantes dos municípios limítrofes do Lago das Roseiras, braço da barragem que banha o município de Divinópolis (Centro-Oeste), e do Novo Mar de Minas, lago formado por águas do rio Pará, em Cláudio (Centro-Oeste), manifestaram-se contrariamente à instalação de placas fotovoltaicas em cima do espelho d’água pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). 

Audiência sobre o tema foi realizada pela Comissão Extraordinária de Turismo e Gastronomia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais na manhã desta terça-feira (12/12/23). 

Consulte o resultado e assista ao vídeo completo da reunião

Diretor-adjunto de Relações Institucionais da Cemig, João Paulo Menna Barreto de Castro Ferreira justificou que a usina flutuante teria uma capacidade maior, por isso a insistência da companhia em instalar as placas por cima do lago.

“A capacidade de geração de energia da usina em terra seria de 5 megavoltampère (MVA). Sendo flutuante, a capacidade passa para 30 MVA. E eu ressalto que só instalaremos quando tivermos todas as licenças ambientais, de todos os órgãos cabíveis. Tudo acontecerá no seu momento específico”, disse.

O diretor da Cemig também afirmou que todos os representantes municipais, estaduais e federais que procuraram a Cemig para saber informações sobre o projeto foram atendidos. “Todos que pediram esclarecimentos foram recebidos. Participamos de reuniões, não nos furtamos a ouvir. Garanto a vocês que essa usina vai melhorar muito a qualidade da prestação do serviço de energia para a população local.

Região se diz contrária ao empreendimento

No entanto, a justificativa dada não foi bem recebida pela população local. O Presidente da Câmara Municipal de Carmo do Cajuru (Centro-Oeste), Rafael Alves Conrado, afirmou que se a Cemig quisesse, podia usar o terreno da Gremig (Associação Recreativa e Cultural dos Empregados da Cemig), que foi leiloado recentemente, para essa finalidade.

“O município não foi consultado em momento algum, as decisões foram tomadas a portas fechadas, sem conhecimento da região e de seu potencial gigantesco turístico. A Cemig deixou bem claro que vai instalar, mas isso precisa ser debatido com os moradores afetados. Inclusive a construção de uma subestação da Cemig, que ocorreria na área para nos beneficiar, foi interrompida como retaliação por sermos contra essa obra.”

Prefeito de Cláudio, Reginaldo de Freitas Santos se posicionou contra o empreendimento quando foi procurado pela Cemig. “Estamos investindo bastante no turismo na região. Cláudio hoje tem 33 quilômetros de área na beira do lago. Um lote triplicou de preço pelo potencial turístico. Mas a procura diminuiu a partir dos boatos de construção da usina nessa área. Não estamos de acordo. Como você aposta em algo e depois isso é tirado de você arbitrariamente?”, questionou. 

Secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Divinópolis, Luiz Angelo Gonçalves Coutinho disse que os municípios impactados pela obra estão alinhados contrariamente a ela e chamou atenção para o fato de que não foi feita nenhuma audiência pela Cemig com a população e nem foi apresentado qualquer plano socioeconômico de impacto ou eventuais contrapartidas dessa instalação.

“A imprensa toda está dando como certo o empreendimento, mesmo não havendo qualquer documentação que dê embasamento e explique porque temos de perder nosso principal bem natural e turístico, sendo que há terrenos disponíveis para a construção dessa usina em outro local. O Novo Mar de Minas hoje é o principal item do inventário turístico da cidade de Divinópolis”.

O vereador Rodyson Oliveira, de Divinópolis, afirmou que o objetivo não é barrar, mas pensar em alternativas viáveis que não sacrifiquem os lagos desnecessariamente, como a construção de mais subestações.  

“Eu solicitei laudos da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros garantindo que não haveria prejuízos em caso de resgate necessário ou incidentes na área e eu não tive qualquer retorno. Nem mesmo os órgãos ambientais nos deram qualquer dado e o Ministério Público arquivou o caso na região, o que nos causa muita estranheza. Não há estudos mais claros sobre o impacto da luminosidade trazida pelas placas no lago ou como ficará a vida marinha.”

O deputado Professor Cleiton (PV), que requereu a audiência pública, questionou se a Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico (ANA) e a Marinha haviam concedido autorização à Cemig para a construção, ressaltando que faltam diversos estudos técnicos sobre o assunto.

A deputada Lohanna (PV) afirmou que a Cemig persistir na construção da usina por cima dos lagos é um erro. “Precisamos pensar em quem comprou terreno, construíram casas, construíram pequenos negócios no local. Vários problemas ambientais não estão claros, não sabemos como vai ficar a oxigenação da água. E como vamos arcar com o prejuízo que a Cemig está impondo à cidade? O governo Zema está desprezando o que querem três municípios que estão alinhados com ele politicamente”, disse.

O deputado Eduardo Azevedo (PL) ressaltou que há outros terrenos disponíveis na área para a construção da usina fotovoltaica. “Não discordamos que seja um projeto inovador, mas não é assim que funciona, não se pode desprezar o potencial econômico do local, temos uma carência de turismo na região Centro-Oeste. Não somos contra a empresa, mas penso que podíamos pensar em outras soluções”, completou.

Fonte: ALMG

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